Carlos Nantes Bolsonaro, um dos alvos da operação policial desta segunda(29), é vereador no Rio de Janeiro pelo partido Republicanos. Aos 42 anos, Carlos carrega o sobrenome do clã que, entre 2019 e 2022, foi a primeira família da República brasileira. Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente está filiado ao Partido Liberal, a Carlos é atribuída a fama de ser um dos rebentos com condutas mais controversas e polêmicas, além de ser adepto a teorias conspiratórias.
Nesta segunda, Carlos foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) do Brasil que investiga o uso ilegal de recursos do Estado por um serviço secreto extraoficial de Bolsonaro. A chamada "Abin paralela" do ex-presidente é um nome que faz referência à (verdadeira) Agência Brasileira de Inteligência (Abin), instrumentalizada durante a gestão Bolsonaro para perseguir adversários políticos e obter informações privilegiadas de desafetos.
A primeira vez que Carlos entrou na política carioca foi em 2001, há mais de duas décadas como vereador do Rio, quando concorreu, ainda menor de idade, para tirar a própria mãe do parlamento municipal. O pai passara por um divórcio conturbado. O filho ficou ao lado de Bolsonaro e topou disputar como o "nome da família" para derrotar a mãe. Conseguiu. E ela nunca mais se reelegeu a qualquer cargo público.
O atual mandato do filho 02 do ex-presidente — chamado assim porque, antes, veio o 01, o senador Flávio Bolsonaro— termina em fevereiro do ano que vem. Este ano poderá se reeleger nas eleições municipais. Outro irmão de Carlos também está na política, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho 03.
'Rachadinhas'
Além da apuração da PF sobre a "Abin paralela", Carlos é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por outros possíveis crimes, como o de lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato. Ele, supostamente, promoveu em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio um esquema conhecido popularmente "rachadinha", que é a apropriação da maior parte dos salários de funcionários que trabalham para o mandato do político.
Esses funcionários podem também ser "fantasmas", ou seja, não trabalham e nem dão expediente, mas estão nomeados para cargos no gabinete. Assim como os que batem ponto na Câmara, os "fantasmas" também são obrigados devolver a maior parte do salário, dinheiro público, para o político.
Essa investigação, no entanto, se arrasta no Ministério Público desde antes de Jair Bolsonaro assumir a Presidência da República. Segundo investigadores ouvidos sob sigilo pela BRASIL JÁ, à época se temia incluir o então presidente nas investigações, porque eles perderiam o controle do inquérito. Isso se devia ao fato de que o presidente da República não pode ser investigado por crime cometido fora do mandato presidencial.
Também há uma terceira apuração em que Carlos aparece, a que trata do "gabinete do ódio". Em delação premiada à PF, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, teria indicado que Carlos Bolsonaro era o responsável por indicar mensagens antidemocráticas que deveriam ser divulgadas nas redes sociais.
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