Sob a gestão de Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem Rodrigues foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cuja instrumentalização durante o governo do ex-presidente é atualmente investigada pela Polícia Federal (PF) do Brasil. Nesta segunda (29), a corporação deu mais um passo em direção ao que chamou de núcleo político e aparelhamento da Abin durante o governo passado. Dessa vez, o filho 02 do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, foi um dos alvos da polícia.
Há quatro dias, o principal alvo da PF foi justamente Alexandre Ramagem. Ex-delegado da Polícia Federal, Ramagem chegou a ser nomeado por Jair Bolsonaro para ser o chefe da corporação. Entretanto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a indicação. O pedido para que ele não fosse empossado partiu de partidos políticos de oposição. O principal argumento era a proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro.
Nas últimas eleições, em 2022, quando Bolsonaro perdeu a corrida pela Presidência para Luiz Inácio Lula da Silva, Ramagem, então com 50 anos, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro pelo Partido Liberal - a mesma sigla a que hoje Bolsonaro é filiado.
Ramagem foi chefe na Abin entre julho de 2019 e março de 2022.
Proximidade com os Bolsonaro
O começo da carreira de Ramagem foi em 2005, mas foi em 2018 que ele se aproximou da política. O ex-policial comando a equipe de segurança do então candidato Jair Bolsonaro nas eleições que elegeriam o ex-presidente para o Palácio do Planalto. Ramagem assumiu o posto depois que Bolsonaro foi vítima de um atentado com fava em Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais. A partir de então, a proximidade com o clã se consolidou.
A relação se estreitou a ponto de, no réveillon de 2019, Ramagem ter passado a virada de ano com Carlos Bolsonaro, filho 02 do então presidente. O próprio Jair Bolsonaro afirmou que o ex-delegado havia passado dois meses na casa do clã. Dormia na casa da vizinha, tomava café comigo, aí tirou fotografia com todo mundo. Foi no casamento de um filho meu", declarou, à época, o ex-presidente.
Essa proximidade dos Bolsonaro gerou incômodos dentro da própria PF. Delegados da corporação comentaram que era preciso deixar evidente que a polícia não se tratava de um órgão de inteligência, como a Abin. Ou seja, que não está a serviço de um governo, mas sim do Estado.
Deixando claro: a PF, afirmavam os delegados, se trata de órgão de polícia judiciária da União, que faz investigações a pedido do Poder Judiciário.
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