Em aceno à União Europeia e mensagem direta às críticas infundadas sobre a produção no Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta (6) que o Brasil não vai aceitar que tentem difamar os produtos do bloco. Lula discursou durante a 65ª Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, logo após o anúncio conjunto de que por fim o acordo Mercosul-União Europeia fora concluído.
O trecho mais incisivo da fala de Lula dialoga com os últimos acontecimentos envolvendo críticas infudadas, e até mentirosas, sobre os produtos do bloco sul-americano. A oposição mais ferrenha dentro da comunidade europeia vem da França, onde o Parlamento rejeitou o fechamento do acordo, o governo afirma abertamente ser contrário ao pacto e setores privados ameaçam boicotar os produtos do Mercosul.
Lula acrescenctou que a cúpula tem um significado especial pois marca a conclusão das negociações do acordo, no qual os países envolvidos, disse, investiram um enorme capital político e diplomático por quase três décadas. De fato, foram 25 anos até que o texto final ficasse pronto e fosse aprovado.
A parceria com a União Europeia é o maior acordo comercial já concluído pelo Mercosul. Os dois blocos reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e economias que, somadas, alcançam, aproximadamente, 22 trilhões de dólares.
“Estamos criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo mais de setecentas milhões de pessoas. Nossas economias, juntas, representam um PIB [Produto Interno Bruto] de 22 trilhões de dólares”, afirmou Lula, lembrando do enorme impacto econômico do tratado.
O presidente brasileiro falou, ainda, de modernidade e o equilíbrio do texto final do acordo, que segundo ele reflete uma posição mais vantajosa para os países do bloco. “O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis”, detalhou.
Com a revisão do texto, foram incluídos temas fundamentais para o Mercosul, como a preservação de interesses em compras governamentais, o prolongamento da abertura do mercado automotivo e a criação de mecanismos para evitar retirada unilateral de concessões.
“Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com os Acordos de Paris”, disse Lula.
Desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental
Lula também afirmou que Mercosul é um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental e que, nesse contexto, o Brasil vai lançar um programa de cooperação para a agricultura de baixo carbono e promoção de exportações agrícolas sustentáveis.
“[Será] O Mercosul Verde. Nosso bloco tem uma oportunidade histórica de liderar a transição energética e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas”, declarou Lula.
Na avaliação do presidente, o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” é essencial para promover a justiça climática. Ele pontuou que isso não impede que cada país contribua, como pode, para a meta de limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio.
“O Brasil já apresentou sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada, que abrange todos os gases de efeito estufa e setores econômicos. Assumimos a meta ambiciosa para 2035 de reduzir emissões de 59 a 67% em relação a 2005”, disse.
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