Narciso diante do espelho: breves notas sobre reparações e colonialismo
Violência e exploração. Não foi por acaso que, ao longo do texto, utilizei essas expressões para caracterizar o colonialismo.
“Lutamos contra a nossa família, contra os nossos irmãos. Se a guerra acabou e essa gente não olhou por nós, deveria fazê-lo”. “Alguns perderam a vida, outros foram presos, mutilados. Outros estão cansados, velhos, sem nada. Que reconheçam aqueles que se sacrificaram pelo bem-estar dos portugueses. Não foi pelo bem-estar dos guineenses, mas sim dos portugueses”.
Essas foram palavras ditas por homens negros, nascidos em África, que batalharam ao lado de Portugal durante a Guerra Colonial. São homens que, em depoimento à Divergente, na reportagem multimídia “Por ti, Portugal, eu juro”, relataram como, ainda hoje, veem o Estado português negar-lhes o que foi prometido. Está descrito assim no artigo 25º do Acordo de Argel: “o Governo Português pagará ainda as pensões de sangue, de invalidez e de reforma a que tenham direito quaisquer cidadãos da República da Guiné-Bissau por motivos de serviços prestados às forças armadas portuguesas”.